Começo por saudar as pessoas que acederam ao blog... Obrigada por disporem do vosso tempo e da vossa leitura.

Há tempos, tive a oportunidade de investigar a ocorrência de um fenómeno que se está a verificar na nossa ilha...

Não sei se já reparam, mas, a nível da restauração, estamos a verificar um "boom" no aparecimento de "cafés-galeria", ou outros espaços alternativos à exposição de arte. São, no fundo, estabelecimentos que aliam o lazer e o prazer à arte e à cultura. Refiro-me aos restaurantes "Segurelha" e "Fora d'horas", aos cafés "Chocolarte", "Coffee.Break", "Cup&Cino" e "Qasbah". Este "fenómeno" já atingiu, inclusive, o Caniço ("Casa de Chá, Tentações de Jasmin"), a Ponta Delgada ("Galeria Café"), e o Estreito da Calheta! ("Arte Café").

Antigamente, os cafés eram verdadeiros palcos de cultura. Neles ocorreram tertúlias, saraus, debates, conferências,... Serviam de ponto de encontro de políticos, revolucionionários, escritores, artistas plásticos, actores, médicos, entre outras "dignidades" de labor honorífico.

Com a PIDE, veio a perseguição e muitos espaços que viviam da afluência destas elites fecharam.

Hoje, sem a PIDE, as pessoas deixaram de se encontrar no café para "tertuliar" ou debater assuntos sociais (as refeições de negócios não contam!). É sob esta perspectiva que muitos proprietários visam "renovar" o seu conceito de café: "passada" a era literária, eis que os cafés tentam alimentar o gosto nas pessoas que os frequentam para poderem ter um "olhar atento sobre a arte". Já que as pessoas não vão às Galerias ou Museus, por falta de tempo, ou por questões financeiras, estes espaços revelam-se verdadeiras alternativas para o contacto com a arte/cultura, já que mudam de exposição mensalmente.

Para além destas vantagens, estes estabelecimentos fornecem as condições necessárias para que os nossos jovens artistas possam expor. Satisfazem-se, assim, as necessidades das pessoas com as dos artistas: as pessoas precisam de "Arte", e os artistas de um lugar para realizar as suas exposições e de público, que aprecie (ou não) os trabalhos que elaboraram.

Nada como "ver para crer"... Em Espanha, sobre um intelectual que não frequentasse tertúlias, dizia-se que lhe faltava café, por isso, aproveitem as vossas pausas e tomem café com Arte! Vão ver que até vos vai saber melhor!

Até para a semana.

Lénia Serrão