22/06/07

Informações

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Em breve serão colocados nesta secção os calendários de exames.

(Referem-se a datas relativas aos exames do 3ºsemestre, tenham calma que vão aparecer...)

Docente “dispensada” pela UMa suscita campanha de solidariedade

CARMEN VIEIRA in Tribuna da Madeira

O Sindicato Nacional do Ensino Superior está a promover uma campanha de solidariedade a favor de um dos dois docentes universitários que não foram reintegrados como professores auxiliares na UMa. Alega o sindicato que a docente em causa ficou, junto com a filha menor, numa condição económica complicada, “sem perspectivas de solução”.

Segundo o sindicato, as consequências têm sido dramáticas: a docente teve de vender a casa, por não poder pagar os empréstimos; vive com a filha de 12 anos no quarto de uma residência universitária, cuja mensalidade é parcialmente paga por uma amiga; não pode cobrir os gastos normais diários nem comprar medicamentos que lhe são essenciais. Ainda segundo a entidade, a professora viu agravados os seus problemas de saúde: sofre permanentemente de hipertensão e tem o sistema nervoso muito fragilizado, com elevado descontrole emocional e uma enorme depressão. A docente está a ser acompanhada por uma psicóloga, tendo de recorrer a pessoas amigas para pagar os medicamentos. ·

O sindicato apela ao apoio dos interessados através da conta aberta no Montepio, cujo NIB é 003601319910001602444. A ajuda pode ainda ser enviada por cheque para o Sindicato Nacional do Ensino Superior, na Avenida 5 de Outubro, 104 – 4º andar, 1050 – 060 Lisboa. Mais informações podem ser solicitadas através de “solidariedade@snesup.pt”.

Entretanto, o caso já chegou ao Tribunal Administrativo e Fiscal de Lisboa, onde o sindicato introduziu uma acção administrativa especial contra a UMa. Considera que a denúncia do contrato, pelo reitor, foi feita “de forma unilateral e fazendo tábua rasa do anteriormente deliberado pela Comissão Científica de Departamento”. De acordo com o documento entregue em tribunal, Pedro Telhado alegou contenções orçamentais para a não renovação.

20/06/07

1000 visitas

Boa noite caros colegas!
Por imposição dos exames na Universidade da Madeira, não tenho escrito neste nosso espaço.
Mas, nestes dias de ausência, não deixei de saborear os textos da Lénia, do Diogo e do Miguel Donato, que, deram animo e mantiveram o nosso espaço sempre activo e actualizado por forma a que conseguisse atingir as 1000 visitas.
No início do Blog, eu propus-me encerrá-lo quando este atingisse as 700 (setecentas) visitas, portanto, como devem calcular, estou perante um problema porque já superamos o nosso objectivo.
Nunca pensei que estes “Cronistas”, tivessem tanto para escrever, tanto para ensinar e tanta matéria saborosa para nos prendar. Gosto do que leio neste espaço e posso afirmar que me emociona partilha-lo com pessoas tão ilustres com as quais vou fazer-me acompanhar numa reunião com o Conselho de Administração da Empresa de Cervejas da Madeira na próxima segunda – feira, com o objectivo de facultar estágios profissionais para os alunos da licenciatura de Ciências da Cultura. Se este encontro obtiver o sucesso deste nosso espaço, ganhamos todos.
Por achar que merecem, vou partilhar convosco um dos melhores poemas que já li.
P.S. Quase cometia um erro incrível, o de não felicitar as Mães que lêem este espaço (a minha e a do Donato pelo menos lêem). Um bem-haja para todas as mães e para o Professora Doutora Teresa Nascimento, que, neste momento passa por um momento delicado, tão injusto quanto todas as injustiças provocadas pelos homens.
Coração de Estudante – Milton Nascimento
Quero falar de uma coisa
Adivinha onde ela anda
Deve estar dentro do peito
Ou caminha pelo ar
Pode estar aqui do lado
Bem mais perto que pensamos
A folha da juventude
É o nome certo desse amor
Já podaram seus momentos
Desviaram seu destino
Seu sorriso de menino
Quantas vezes se escondeu
Mas renovasse a esperança
Nova aurora, cada dia
E há que se cuidar do broto
Pra que a vida nos dê
Flor e fruto
Coração de estudante
Há que se cuidar da vida
Há que se cuidar do mundo
Tomar conta da amizade
Alegria e muito sonho
Espalhados no caminho
Verdes, planta e sentimento
Folhas, coração,
Juventude e fé.

O último romântico….

Pela primeira vez na minha vida estou de acordo com o MEC,
(ou então o MEC chegou ás minhas conclusões, tarde mas chegou) …

O último romântico…. Miguel Esteves Cardoso in Expresso
Quero fazer o elogio do amor puro. Parece-me que já ninguém se apaixona de verdade. Já ninguém quer viver um amor impossível. Já ninguém aceita amar sem uma razão. Hoje as pessoas apaixonam-se por uma questão de prática. Porque dá jeito. Porque são colegas e estão ali mesmo ao lado. Porque se dão bem e não se chateiam muito. Porque faz sentido. Porque é mais barato, por causa da casa. Por causa da cama. Por causa das cuecas e das calças e das contas da lavandaria. Hoje em dia as pessoas fazem contratos pré-nupciais, discutem tudo de antemão, fazem planos e à mínima merdinha entram logo em "diálogo". O amor passou a ser passível de ser combinado. Os amantes tornaram-se sócios. Reúnem-se, discutem problemas, tomam decisões. O amor transformou-se numa variante psico-sócio-bio-ecológica de camaradagem. A paixão, que devia ser desmedida, é na medida do possível. O amor tornou-se uma questão prática. O resultado é que as pessoas, em vez de se apaixonarem de verdade, ficam "praticamente" apaixonadas. Eu quero fazer o elogio do amor puro, do amor cego, do amor estúpido, do amor doente, do único amor verdadeiro que há, estou farto de conversas, farto de compreensões, farto de conveniências de serviço. Nunca vi namorados tão embrutecidos, tão cobardes e tão comodistas como os de hoje. Incapazes de um gesto largo, de correr um risco, de um rasgo de ousadia, são uma raça de telefoneiros e capangas de cantina, malta do "tá tudo bem, tudo bem", tomadores de bicas, alcançadores de compromissos, bananóides, borra-botas, matadores do romance, romanticidas. Já ninguém se apaixona? Já ninguém aceita a paixão pura, a saudade sem fim, a tristeza, o desequilíbrio, o medo, o custo, o amor, a doença que é como um cancro a comer-nos o coração e que nos canta no peito ao mesmo tempo? O amor é uma coisa, a vida é outra. O amor não é para ser uma ajudinha. Não é para ser o alívio, o repouso, o intervalo, a pancadinha nas costas, a pausa que refresca, o pronto-socorro da tortuosa estrada da vida, o nosso "dá lá um jeitinho sentimental". Odeio esta mania contemporânea por sopas e descanso.
Odeio os novos casalinhos. Para onde quer que se olhe, já não se vê romance, gritaria, maluquice, facada, abraços, flores. O amor fechou a loja. Foi trespassada ao pessoal da pantufa e da serenidade. Amor é amor. É essa beleza. É esse perigo. O nosso amor não é para nos compreender, não é para nos ajudar, não é para nos fazer felizes. Tanto pode como não pode. Tanto faz. É uma questão de azar.
O nosso amor não é para nos amar, para nos levar de repente ao céu, a tempo ainda de apanhar um bocadinho de inferno aberto. O amor é uma coisa, a vida é outra. A vida às vezes mata o amor. A "vidinha" é uma convivência assassina. O amor puro não é um meio, não é um fim, não é um princípio, não é um destino. O amor puro é uma condição. Tem tanto a ver com a vida de cada um como o clima. O amor não se percebe. Não dá para perceber. O amor é um estado de quem se sente. O amor é a nossa alma. É a nossa alma a desatar. A desatar a correr atrás do que não sabe, não apanha, não larga, não compreende. O amor é uma verdade. É por isso que a ilusão é necessária. A ilusão é bonita, não faz mal. Que se invente e minta e sonhe o que quiser. O amor é uma coisa, a vida é outra. A realidade pode matar, o amor é mais bonito que a vida. A vida que se lixe. Num momento, num olhar, o coração apanha-se para sempre. Ama-se alguém. Por muito longe, por muito difícil, por muito desesperadamente. O coração guarda o que se nos escapa das mãos. E durante o dia e durante a vida, quando não esta lá quem se ama, não é ela que nos acompanha – é o nosso amor, o amor que se lhe tem. Não é para perceber. É sinal de amor puro não se perceber, amar e não se ter, querer e não guardar a esperança, doer sem ficar magoado, viver sozinho, triste, mas mais acompanhado de quem vive feliz. Não se pode ceder. Não se pode resistir.
A vida é uma coisa, o amor é outra. A vida dura a vida inteira, o amor não.

18/06/07

Língua Portuguesa

Em pleno início da época de exames venho deixar os meus votos, a todos os colegas, de bons estudos e boa sorte para todos os trabalhos que realizarem. Que os exames aos olhos dos professores sejam fáceis e aos nossos também...

Para quem tem língua portuguesa por fazer, se calhar não vai achar muita piada ao texto, mas o motivo pelo qual o transcrevo prende-se com a sua originalidade, pela sua construção "séria" e pelo seu conteúdo "lúdico".

Já a Prof. Dr. Elisete Almeida no-lo tinha lido em plena aula, em tom de descontração face ao que iríamos ler depois (linguística românica), mas tive acesso ao texto através do e-mail que o colega Francisco, do 2º ano, fez circular.

Cito: "Redacção feita por uma aluna de Letras, que obteve a vitória num concurso interno promovido pelo professor da cadeira de Gramática Portuguesa.

"Era a terceira vez que aquele substantivo e aquele artigo se encontravam no elevador. Um substantivo masculino, com aspecto plural e alguns anos bem vividos pelas preposições da vida. O artigo, era bem definido, feminino, singular.
Ela era ainda novinha, mas com um maravilhoso predicado nominal. Era ingénua, silábica, um pouco átona, um pouco ao contrário dele, que era um sujeito oculto, com todos os vícios de linguagem, fanático por leituras e filmes ortográficos. O substantivo até gostou daquela situação; os dois, sozinhos, naquele lugar sem ninguém a ver nem ouvir. E sem perder a oportunidade, começou a insinuar-se, a perguntar, conversar. O artigo feminino deixou as reticências de lado e permitiu-lhe esse pequeno índice. De repente, o elevador pára, só com os dois lá dentro. Óptimo, pensou o substantivo; mais um bom motivo para provocar alguns sinónimos.
Pouco tempo depois, já estavam bem entre parênteses, quando o elevador recomeçou a movimentar-se. Só que em vez de descer, sobe e pára exactamente no andar do substantivo. Ele usou de toda a sua flexão verbal, e entrou com ela no seu aposento. Ligou o fonema e ficaram alguns instantes em silêncio, ouvindo uma fonética clássica, suave e relaxante. Prepararam uma sintaxe dupla para ele e um hiato com gelo para ela.
Ficaram a conversar, sentados num vocativo, quando ele recomeçou a insinuar-se. Ela foi deixando, ele foi usando o seu forte adjunto adverbial, e rapidamente chegaram a um imperativo. Todos os vocábulos diziam que iriam terminar num transitivo directo. Começaram a aproximar-se, ela tremendo de vocabulário e ele sentindo o seu ditongo crescente. Abraçaram-se, numa pontuação tão minúscula, que nem um período simples, passaria entre os dois.
Estavam nessa ênclise quando ela confessou que ainda era vírgula. Ele não perdeu o ritmo e sugeriu-lhe que ela lhe soletrasse no seu apóstrofo. É claro que ela se deixou levar por essas palavras, pois estava totalmente oxítona às vontades dele e foram para o comum de dois géneros. Ela, totalmente voz passiva. Ele, completamente voz activa. Entre beijos, carícias, parónimos e substantivos, ele foi avançando cada vez mais. Ficaram uns minutos nessa próclise e ele, com todo o seu predicativo do objecto, tomava a iniciativa. Estavam assim, na posição de primeira e segunda pessoas do singular. Ela era um perfeito agente da passiva; ele todo paroxítono, sentindo o pronome do seu grande travessão forçando aquele hífen ainda singular. Nisto a porta abriu-se repentinamente.
Era o verbo auxiliar do edifício. Ele tinha percebido tudo e entrou logo a dar conjunções e adjectivos aos dois, os quais se encolheram gramaticalmente, cheios de preposições, locuções e exclamativas. Mas, ao ver aquele corpo jovem, numa acentuação tónica, ou melhor, subtónica, o verbo auxiliar logo diminuiu os seus advérbios e declarou a sua vontade de se tornar particípio na história. Os dois olharam-se; e viram que isso era preferível, a uma metáfora por todo o edifício.
Que loucura, meu Deus! Aquilo não era nem comparativo. Era um superlativo absoluto. Foi-se aproximando dos dois, com aquela coisa maiúscula, com aquele predicativo do sujeito apontado aos seus objectos. Foi-se chegando cada vez mais perto, comparando o ditongo do substantivo ao seu tritongo e propondo claramente uma mesóclise-a-trois. Só que, as condições eram estas: Enquanto abusava de um ditongo nasal, penetraria no gerúndio do substantivo e culminaria com um complemento verbal no artigo feminino.
O substantivo, vendo que poderia transformar-se num artigo indefinido depois dessa situação e pensando no seu infinitivo, resolveu colocar um ponto final na história. Agarrou o verbo auxiliar pelo seu conectivo, atirou-o pela janela e voltou ao seu trema, cada vez mais fiel à língua portuguesa, com o artigo feminino colocado em conjunção coordenativa conclusiva."

A língua portuguesa tem destas coisas... Agora, para quem desconhece alguns dos termos utilizados, recomendo a nossa querida (blac) gramática de Mira Mateus e depois o dicionário da Academia :)

Votos de bom trabalho (não se pode desejar boa sorte, porque é mesmo uma questão de estudo...).

Lénia Serrão